25 de outubro de 2015

Avaliação de Mobilidade/Funcionalidade em Pacientes Críticos

Saudações colegas.
Avaliar a Mobilidade/Funcionalidade é de extrema importância na nossa prática, já que podemos, além de estabelecer o nível funcional, extrair informações que podem nos auxiliar a construir um Planejamento Terapêutico. 
A Mobilidade em Terapia Intensiva vem sendo muito estudada nos últimos quatro anos, já que existe uma associação entre Mobilidade e Desfechos Favoráveis (Menor tempo de VM, Mortalidade, e Tempo de internação, além de Maior Força Muscular e Capacidade Funcional. Devido a esse impacto, existem publicadas, pelo menos 26 ferramentas para avaliação da Mobilidade em UTI.
Mas qual o motivo de termos que utilizar ferramentas específicas?
Recentemente, foi publicada uma Revisão Sistemática com Metanálise, onde o resultado demonstrou a ausência de efeitos da Mobilização Precoce no Status Funcional (Mobilização Precoce não melhora Status Funcional...), mas o ponto em questão é que as escalas utilizadas não eram específicas para avaliação funcional de pacientes críticos.
Dentre as 26 ferramentas, figuram as principais e com maior número de publicações: ICU Mobility Scale (IMS), FSS ICU Mobility Scale (IMS)Functional Status Score (FSS-ICU)The Perme Intensive Care Unit Mobility Score, Physical Function ICU Test (PFIT) e Chelsea Critical Care Physical Assessment tool (CPAx). Cada uma com sua particularidade e aplicabilidade.
  1. IMS -  avalia puramente a Mobilidade, com escore de 0 (Restrito ao Leito) a 10 (Deambula sem auxílio por pelo menos 5 metros).
  2. FSS -  baseada na MIF, possui 2 categorias: Mobilidade no Leito e Saída do Leito, com 5 ítens a serem avaliados no total, com pontuação de 0 (Não realiza) a 7 (Independência).
  3. Perme -  já analisada por nós (Escala Perme de Avaliação Funcional em UTI. Estamos no caminho certo!) vem com itens interessantes, como a Identificação de Barreiras à Mobilização, Força e Endurance, além de categorias de Mobilidade.
  4. PFIT - de fácil aplicação, pode servir como base para prescrição e progressão da terapia (Como prescrever a minha terapia? Physical Function ICU Test.), seus autores ainda recomendam que essa sistemática poderia ser transportada para outros setores hospitalares, com pacientes mais estáveis e fora da UTI.
  5. Chelsea - além de Mobilidade, inclui avaliação de Tosse e de Função do Sistema Respiratório.
Mas qual dessas devemos utilizar? Um recente estudo realizado na Austrália Functional outcomes in ICU – what should we be using? - an observational study, comparou três dessas ferramentas, PFIT, FSS e IMS. Foi encontrado uma superioridade da PFIT e FSS, para avaliação de status funcional. Mas o que devemos levar em consideração na decisão clínica para a escolha de uma das escalas, é o perfil do paciente e da unidade em que trabalhamos, bem como conhecimento sobre cada uma dessas ferramentas, pois nada exclui que exista a necessidade do uso de mais de uma dessas ferramentas na nossa prática diária.
Outra coisa que temos que ter em mente, é que devido ao fato de essas escalas serem recentes, nenhuma delas, até o momento, está Adaptada e Validada para o português. A FSS e a Perme, já estão em processo de validação.

Até a próxima!!!

Caio Veloso da Costa
Fisioterapeuta
Especialista em Fisioterapia Intensiva - Adulto pela ASSOBRAFIR/COFFITO
Especialização latu sensu em Saúde do Adulto e do Idoso com área de concentração em Urgência e Emergência pela Residência Multiprofissional em Atenção Hospitalar da UNIFESP

LinkedIn: Caio Veloso da Costa




Referências
1- Castro-Avila AC, Serón P, Fan E, Gaete M, Mickan S.  Effect of Early Rehabilitation during Intensive Care Unit Stay on Functional Status: Systematic Review and Meta-Analysis. PLoS One. 2015 Jul 1;10(7):e0130722.

2- Hodgson CNeedham DHaines KBailey MWard AHarrold M, et alFeasibility and inter-rater reliability of the ICU Mobility Scale.Heart Lung. 2014 Jan-Feb;43(1):19-24.

3- Thrush ARozek MDekerlegand JLThe clinical utility of the functional status score for the intensive care unit (FSS-ICU) at a long-term acute care hospital: a prospective cohort study.Phys Ther. 2012 Dec;92(12):1536-45.

4- Perme C, Nawa RK, Winkelman C, Masud F.A Tool to Assess Mobility Status in Critically Ill Patients: The Perme Intensive Care Unit Mobility Score.Methodist Debakey Cardiovasc J. 2014;10(1):41-9.

5- Skinner EH, Berney S, Warrillow S, Denehy L. Development of a physical function outcome measure (PFIT) and a pilot exercise training protocol for use in intensive care unit. Crit Care and Resusc. 2009;11(2):110-115.

6- Corner EJ, Soni N, Handy JM, Brett SJ. Construct validity of the Chelsea critical care physical assessment tool: an observational study of recovery from critical illness. Critical Care. 2014;18(2):R55.

7- Parry SM, Denehy L, Beach LJ, Berney S, Williamson HC, Granger CL. Functional outcomes in ICU – what should we be using? - an observational study. Critical Care. 2015;19(1):127.

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